sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

SINAL AMARELO PARA O JORNALISMO INVESTIGATIVO

Sete ministros do Governo Dilma e vários chefes de estado e ditadores mundo afora. Esse é o balanço de representantes que a imprensa nacional e internacional conseguiu ‘derrubar’ nos últimos meses devido a escândalos de denúncias, corrupção, além de pressões políticas, econômicas e sociais. Entretanto, a queda nem sempre significa o fim do caso, e os jornais precisam ‘acordar’ para esse perigoso estilo de jornalismo investigativo.

Atenção e Cuidado

Não é de hoje que assuntos como “caiu o ministro tal” ou “fulano é suspeito de fazer tal coisa” estampam as capas de jornais e revistas, atravessam as ondas do rádio, ocupam os noticiários da TV ou tornam-se os temas mais comentados nas redes sociais. Acontece que o fazer jornalismo investigativo chegou a um ponto onde tudo parece muito previsível, cansativo e vicioso.

Basta um veículo publicar uma denúncia ou protesto que logo em seguida, nos dias subsequentes, surge uma série de reportagens consideradas denuncistas, de cunho investigativo, para acompanhar o ‘calvário’ dos governantes até a renúncia ou demissão do cargo, consideradas um prêmio para opositores e jornais.

Mas o bom jornalismo investigativo não deve parar por aí. Os erros cometidos por esses ‘derrotados’ não se resolvem simplesmente com a perda do cargo ou mandato. A imprensa esquece de dar sequência às investigações, cobrar as devidas punições ou explicar, por exemplo, quem vai ressarcir os cofres públicos das tantas irregularidades administrativas cometidas. Seria incrível se a máxima “o tal ministro caiu, acabou o problema” fosse real.

Outra realidade. Há certo exagero nos escândalos. O jornalismo deve tomar uma declaração ou denúncia de determinado caso como ponto de partida para uma investigação aprofundada, e não como uma prova concreta de supostas irregularidades. Nesse cenário, jornalistas e jornais tornam-se presas fáceis de interesses e provocações da oposição. E um bom profissional sabe que na maioria das vezes quem abre a boca para reclamar é porque supostamente ficou fora do ‘bolo’ ou teve as vantagens e privilégios cancelados. É difícil acreditar na inocência absoluta. O certo é apurar, se possível encontrar provas e depois publicar.

Como citou Alberto Dines no artigo “Velhacarias Investigativas – Sujeira não limpa sujeira” publicado mês passado no portal Observatório da Imprensa, “o uso de denúncias explosivas e espetaculares – não comprovadas e não comprováveis- para alavancar outras menos apelativas é um recurso chinfrim, maroto. Cria precedentes perigosos, estimula a criação de uma categoria de agentes provocadores e arapongas que vivem nos corredores do poder”.

Nesse contexto, percebe-se que a imparcialidade e a malícia passaram a ser virtudes da sociedade atual, principalmente no universo dos formadores de opinião. Não significa ser fraco ou ‘ficar em cima do muro’. Significa ter conhecimento, maturidade e coragem suficientes para entender o ‘jogo’ e não se deixar contaminar pelos interesses de outrem. Por hoje, basta.

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